Exposição de fotos retrata “Macro Amor” entre mães e bebês com microcefalia em Teresina

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Sensibilidade à flor da pele e o desejo de desconstruir preconceitos estão presentes em cada uma das imagens captadas pela fotógrafa Catianne Oliveira no ensaio com bebês com microcefalia, acompanhados de suas mães e familiares, como parte do “Projeto Macro Amor”.

As fotos integram uma exposição lançada nessa sexta-feira (20), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Piauí, por meio da Comissão da Mulher Advogada (CMA), e contou com o apoio do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), que disponibilizou salas para a produção das mães e bebês. No evento também foram distribuídas cartilhas sobre os direitos da criança com microcefalia.

Mais de 30 mães e seus bebês estão sendo retratados no projeto iniciado em maio de 2016. A exposição tem o objetivo de, através da fotografia, enfrentar a discriminação e quebrar paradigmas, ao tempo em que busca fortalecer a autoestima das famílias que procuram tratamento e apoio contínuo no Ceir.

“Criamos uma parceria entre OAB-Mulher, Ceir e Associação Reabilitar, que rendeu um grau de satisfação muito grande às mães, que tiveram coragem de mostrar suas crianças e seus problemas. E isso serve de alerta à sociedade, pois cria-se uma vertente de como conduzir uma família com caso de microcefalia, a constituição de direitos e como exercê-los. Por isso, a importância da parceria com as instituições constituídas”, explica o presidente voluntário da Associação Reabilitar, Benjamim Pessoa Vale.

De acordo Benjamim, como no resto do país, essas mães foram pegas de surpresa, mas transformaram a desinformação e o preconceito em pureza e carinho. Segundo ele, são demonstrações de profunda entrega que saltam aos olhos em cada retrato e provam que o amor é capaz de ultrapassar cada barreira ou olhar de preconceito.

“Ninguém está preparado para receber uma criança com microcefalia, mas essas mães se depararam com uma situação adversa e decidiram, com coragem e amor, acolher com galhardia e com dignidade as crianças que Deus colocou em cada um de seus lares. Graças a isso foram pessoas reconhecidas pela sua coragem e estão transformando um problema pessoal em uma política pública. Toda vez que promovemos a união do poder público e das entidades constituídas e, principalmente, o esforço de cada um, temos resultados muito positivos, completa Benjamin.

Segundo Catianne Oliveira, para lá das dificuldades enfrentadas na luta diária que é criar um bebê com microcefalia, a exposição mostra o “outro lado da história”, um amor macro entre mãe e bebê, do bem-estar proporcionado pela intimidade e da descontração de um dia de lazer de uma família feliz.

“A princípio, o que a gente mais temia era a resistência das mães em relação ao ensaio fotográfico, mas, para nossa surpresa, elas aceitaram muito bem. Foi uma semana de autoestima e valorização que fizeram com elas se sentissem felizes. O que a gente queria era captar com as imagens não o lado de sofrimento, mas o lado amor entre mãe e filho”, explica.

Suelane Barros foi uma das mães que participou do ensaio. Mãe de Artur Levi, de 1 ano e 3 meses, ela frequenta o Ceir há nove meses e vê o trabalho como uma experiência positiva, que ajuda a minimizar qualquer preconceito ou dificuldade do dia a dia.  “Depois que vi as fotos amei cada momento. Vivemos um desafio diário, pois eles são muito dependentes, querem sempre estar no colo. Além disso, há os comentários das pessoas perguntando se ele está doente, se não vai andar ou falar. Depois que entrei no Ceir, ele melhorou 100%, já fala mamãe, papai, pega nos objetos e bate palmas. Foi incrível e está sendo muito bom ver o resultado de tudo isso sendo exposto de forma tão sensível”, finaliza.

Programação

O ensaio está sendo exposto nas entradas do piso L3 do Shopping Rio Poty. Pontos de arrecadação de fraldas foram espalhados no local da exposição e nas lojas ‘Espaço Nascer’ em Teresina. As ações do projeto continuam neste sábado (21) com uma oficina gratuita de estimulações domiciliares para mães e pais de crianças com microcefalia, na sede da OAB-PI.


Texto: Andressa Kerllen – Comunicação Reabilitar