A Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (NMDER) registrou um crescimento de 48% nos atendimentos psicológicos entre janeiro e junho de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. O número de atendimentos saltou de 8.886 para 13.199, reforçando o papel da unidade como referência no cuidado integral à saúde da mulher e do recém-nascido/bebê, ao longo de todo o ciclo gravídico-puerperal.
O serviço de Psicologia atua de forma contínua e integrada em diferentes áreas da maternidade. Gestantes e puérperas podem ter acesso ao acompanhamento psicológico ainda no circuito ambulatorial, durante consultas pré-natais, e também nos setores de internação, como UTIs Materna e Neonatal, enfermarias e na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCA), além da garantia do atendimento emergencial, integral e multidisciplinar para mulheres em situação de violência.
De acordo com dados do Serviço de Psicologia da NMDER, 31% das mulheres atendidas em junho no circuito materno do Ambulatório de Atenção Especializada apresentaram sintomas de sofrimento psíquico intenso e 38% relataram histórico de sofrimento psíquico.
Lívia Cristina Silva, supervisora da equipe de Psicologia, explica que o cuidado psicológico é essencial durante todo o período de gestação e puerpério. Neste contexto, o psicólogo deve considerar múltiplas variáveis — hormonais, relacionais, sociais e psicológicas — que interferem na experiência de ser pai e mãe, na dinâmica familiar e na constituição psíquica do bebê, atuando de forma ampliada e interdisciplinar com os membros da equipe de saúde.
“A equipe promove acolhimento, escuta qualificada, interconsultas, psicoterapia breve, intervenções grupais e ações educativas, adaptando o cuidado à realidade de cada paciente. Essas ações fazem parte da nossa rotina e o impacto é visível quando a mulher percebe que não está sozinha e que pode ser cuidada também emocionalmente”, afirma.
A estudante de enfermagem Maria Naireli, de 25 anos, chegou à NMDER após um parto prematuro e resistiu ao atendimento psicológico nos primeiros dias. “Eu tinha preconceito, achava que psicólogo era só pra quem estava ‘doido’. Mas depois que conversei, vi que me fazia bem. Só de ter alguém escutando já muda tudo. Hoje vejo que preciso desse cuidado e recomendo para outras mães”, relata.
Maria acrescenta ainda que o atendimento fez com que ela começasse a refletir sobre todo o processo vivido desde o nascimento da filha. “Eu estava só vivendo o momento, sem conseguir parar para pensar. A conversa me ajudou a organizar as ideias, entender o que eu estava sentindo. Até minhas relações com as outras mães melhoraram. Hoje, já consigo conversar, coisa que nem fazia quando cheguei aqui”, conta.
Além dos atendimentos individuais, o serviço de Psicologia também realiza rodas de conversa, ações multiprofissionais e atividades de educação em saúde voltadas à saúde mental perinatal. As ações buscam reduzir o estigma sobre o sofrimento psíquico nesse período e garantir que as mulheres tenham acesso ao cuidado humanizado, integral e de qualidade, bem como a realização dos encaminhamentos adequados, favorecendo a continuidade do cuidado.