Audiência pública debate acesso das pessoas com autismo ao serviço público de saúde de Teresina

A Associação Reabilitar, que administra o CEIR e é referência no atendimento, sugeriu alternativas para redução no tempo de espera por vagas em terapias, por meio do SUS

 

As dificuldades no acesso de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao serviço público de saúde na capital foram tema de uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Teresina nessa segunda-feira (9). Com uma experiência de mais de uma década atendendo pessoas com deficiência intelectual em Teresina, o superintendente executivo da Associação Reabilitar, Francisco José Alencar, representou o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR) no evento e destacou a disponibilidade do CEIR para contribuir com ações que ampliem a rede de atendimento a esse público na capital.

 

O evento contou com as presenças de vereadores, instituições públicas, empresas privadas, Organizações Não Governamentais (ONGs), além da Fundação Municipal de Teresina (FMS), pais e responsáveis de pessoas diagnosticadas com o transtorno.

 

Na oportunidade, o superintendente Francisco José Alencar, que também é neurocirurgião, destacou os atendimentos realizados no CEIR e sugeriu alternativas para a redução no tempo de espera por vagas em consultas e terapias, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, também foi destacada a necessidade de descentralização dos atendimentos.

 

“É necessário que sejam realizados, como ação imediata, mutirões para que a população tenha a consulta com o neurologista de forma mais rápida, sem precisar esperar por meses para isso, como acontece hoje. Precisamos também de mais instituições para absorver a demanda por atendimentos, seja para consulta ou reabilitação, e inclusive, com a criação de centros de reabilitação descentralizados principalmente para atender quem mora na zona rural, onde o acesso é ainda mais difícil”, frisa Francisco José Alencar.

 

O superintendente ressaltou também a disponibilidade do CEIR em contribuir para com a capacitação de profissionais. “Em média, a fase inicial do tratamento de alta complexidade de uma criança com autismo leva de um a um ano e meio. Então, é preciso garantir que o paciente mantenha esse acompanhamento por uma equipe multiprofissional e, nesse sentido, a experiência do CEIR nesses 14 anos de atuação no Piauí, pode contribuir massivamente neste processo. Estamos à disposição para ajudar e até capacitar profissionais da rede municipal, caso haja interesse na ampliação dos atendimentos, pois sabemos o quanto essas famílias precisam dos serviços de reabilitação”, finaliza.

 

O representante da FMS, Anderson Dantas, destacou os problemas enfrentados na rede pública municipal de Teresina, devido ao déficit de profissionais especializados para atender aos pacientes com autismo, dentre outras dificuldades. “Faltam profissionais na área da neuropediatria e isso acontece não só em Teresina, mas no país inteiro, na rede pública e também na iniciativa privada. Em várias áreas, existe o problema da demanda reprimida, que piorou por conta da pandemia e da paralisação dos serviços. Mas estamos buscando alternativas para melhorar essa regulação do SUS, como a criação de mecanismos para realização de mutirão em Teresina, ” explica Anderson Dantas.

 

A audiência pública foi realizada sob autoria do vereador Venâncio Carvalho (PSDB) e teve como encaminhamentos a realização urgente de mutirões pela FMS para pacientes com autismo, o acompanhamento da criação de uma plataforma para comunicação da regulação pelos usuários do SUS, o envio por parte da Prefeitura dos indicadores quanto aos procedimentos reprimidos no Município, a realização de concurso público pela Prefeitura para contratação de novos profissionais, entre outros.