Ceir retoma projeto de leitura que auxilia no tratamento de pacientes da Reabilitação Intelectual

Com a redução dos casos de Covid-19, projeto Momento Saber voltou a distribuir livros pelos corredores e incentivar a leitura entre pacientes e colaboradores

 

A leitura de um livro abre portas para novos mundos e proporciona experiências que vão além do mundo real, mas que dialogam com a realidade. O hábito de ler também tem um efeito transformador para pacientes em tratamento e que precisam desenvolver habilidades cognitivas para um melhor convívio social.

No Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), administrado pela Associação Reabilitar, o livro vem sendo utilizado como recurso terapêutico para os pacientes atendidos pela Reabilitação Intelectual. Através do projeto Momento Saber, que retomou as atividades após o momento mais crítico da pandemia de Covid-19, crianças e adolescentes estão sendo levados para vários lugares, conhecendo novas culturas, além de melhorar questões cognitivas trabalhadas durante as terapias.

Com o retorno do projeto, que acontece por meio do empréstimo de livros, a psicóloga Érica Nascimento intensificou a utilização do recurso da leitura com os seus pacientes. O objetivo é estimular o raciocínio, a memória, melhorar o vocabulário, aprimorar a capacidade interpretativa, além de proporcionar aos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) um conhecimento amplo e diversificado sobre vários assuntos.

“Estamos trabalhando com adolescentes que têm potenciais a serem desenvolvidos. A ideia é utilizar o livro como recurso cultural, mas também terapêutico, para que eles consigam interagir, demonstrar seus interesses, e que com isso consigam melhorar alguns aspectos do desenvolvimento”, destaca Érica Nascimento.

A psicóloga acrescenta que o recurso da leitura sempre esteve presente na rotina de pacientes em reabilitação e pode atingir vários objetivos, basta traçar uma estratégia de trabalho respeitando os interesses e afinidades de cada pessoa. “Eles aprendem novos vocabulários e aprimoram questões cognitivas, como memória, atenção, concentração, comunicação e interação”, elenca a psicóloga.

O estudante Abraão Rodrigues Alves, de 18 anos, tem autismo leve e participa de atividade em grupo todas as quintas-feiras, no Ceir. No último encontro, ele pegou emprestado o título “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”, de Mark W. Bake. “Escolhi esse livro por uma questão espiritual. Quero entender mais sobre o tema”, disse.

Já o paciente José Sátiro, de 15 anos, que também faz parte do grupo de pacientes com TEA, apostou em um tema que tem afinidade e escolheu o título: A Grande Enciclopédia dos Animais. “Achei interessante porque fala de animais, incluindo as tartarugas, que gosto muito”, destacou.

A fonoaudióloga Patrícia Juliana, que desenvolve as atividades em parceria com a psicóloga, enfatiza que a leitura oferece uma rica fonte de novos vocabulários, palavras e colocações que os pacientes não usavam ou nem conheciam. “Usamos os livros para construir a narrativa do paciente, o planejamento do discurso, o repertório, o vocabulário. Pacientes com TEA, por exemplo, possuem dificuldade de intenção comunicativa e, usando o livro, ele consegue ter vários repertórios de palavras similares que pode utilizar para iniciar uma comunicação”, conclui.

PROJETO MOMENTO SABER

O Projeto Momento Saber é uma ação da Associação Reabilitar, organização social que administra o Ceir em parceria com o Governo do Piauí, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi). A proposta é que os pacientes e acompanhantes possam ler livros durante a espera de uma consulta ou terapia e os colaboradores façam o empréstimo dos exemplares.

“Os livros ficam expostos em prateleiras nas recepções do Ceir e projetos da Associação Reabilitar. Dessa forma, contribuímos para que todos ampliem sua formação cultural, vocabulário, escrita, assim como o desenvolvimento do senso crítico e formação como cidadão”, enfatiza Laize Morais, Coordenadora de Atendimento do Ceir.

Durante a pandemia de Covid-19, os livros foram recolhidos das prateleiras seguindo a recomendações do protocolo de segurança da Instituição. Agora, as ações do projeto foram retomadas e os pacientes e colaboradores podem ter acesso a um acervo com diversos gêneros literários.