Histórias de superação marcam oito anos do Ceir

Além de ser um ponto de visitação turística, o Encontro dos Rios, localizado na zona Norte de Teresina, é um dos locais prediletos de Walyson Silva. Quase todos os dias o garoto tomava banho no local, onde não hesitava os seus mortais ao pular na água. Certo dia, o impulso para o salto não foi suficiente e Walyson lesionou a coluna. O acidente o deixou sem movimento do ombro para baixo e Walyson deixou também de fazer outra atividade que gostava muito: desenhar.

Walyson Silva pintando com auxílio da terapeuta Manu Sato (Foto: Ascom Ceir)

Mas é na sala de arteterapia do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), onde faz tratamento desde 2012, que Walyson está desafiando os seus próprios limites e descobrindo um novo hobbie: a pintura.

“O Walyson tinha um enorme desejo de voltar a desenhar e acabou se encontrando na pintura. Então desenvolvemos um trabalho em conjunto com a terapia ocupacional, adaptando um pincel com mordedor para que ele possa pintar com a boca”, explica a arteterapeuta do Ceir, Manu Sato.

A arteterapia de 40 minutos inicia com o jovem, de 19 anos, escolhendo as cores com que deseja pintar. “Eu não penso no que vou fazer. Só vou criando. E até que é bonito!”, exclama Walyson, que afirma nunca ter imaginado que seria capaz de pintar após o acidente.

Para a arteterapeuta Manu Sato, a experiência é nova e também um desafio. “É a primeira vez que trabalho com um paciente tetraplégico. A cada terapia é uma surpresa e vibramos juntos”, comenta.

Quando o Ceir foi inaugurado, no dia 5 de maio de 2008, há oito anos, Walyson ainda arriscava os seus mortais no Encontro dos Rios. E o Centro começava a fazer a diferença na vida de milhares de pessoas com deficiência do Piauí e tornar realidade o que muitos certamente duvidaram ser possível um dia.

Atendimento humanizado

Os serviços de reabilitação físico-motora, auditiva e intelectual do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) são prestados através do Sistema Único de Saúde (SUS) e possuem como marca o atendimento humanizado.

Pessoas com deficiência têm acesso a terapias como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia, musicoterapia, hidroterapia, hidroginástica e reabilitação desportiva. Além de atendimentos em várias áreas médicas, como cardiologia, neurologia, neuropediatria, ortopedia, e não médicas, como enfermagem, nutrição e odontologia.

“Cada paciente possui um atendimento personalizado e pensado de acordo com as suas necessidades e potencialidades. E tem uma equipe multiprofissional voltada para a sua melhor evolução no tratamento”, destaca Francisco José Alencar, superintendente executivo do Ceir.

Ana Maria sob o cuidado de um neurologista do Ceir e companhia da sua mãe. (Foto: Ascom Ceir)

Aos 21 anos, Ana Maria não anda, não fala e não enxerga. Ela perdeu todos os seus sentidos depois de sofrer uma inflamação do cérebro, chamada encefalite. Ana está acamada há um ano e cinco meses, período em que é acompanhada pelo Ceir.

“Devido ao seu estado, ela não foi enquadrada nas terapias de reabilitação. Mas faz consultas periódicas com o neurologista, onde é avaliada e eu recebo orientações”, comenta a professora Maria Júlia, que não mede esforços para sua filha.

Maria e Ana moram em Miguel Alves, a 110 quilômetros de Teresina, mas, mesmo enfrentando dificuldades, não faltam uma consulta no Ceir. Nos corredores da instituição, elas cruzam com a aposentada Ivanilde Mendes, 62 anos.

Após sofrer um derrame cerebral, Ivanilde passou por cinco anos de reabilitação no Centro. Há três meses ela recebeu alta de suas terapias, mas toda semana está no Ceir – ou fazendo consultas periódicas ou revendo os amigos que fez no local. “Estou sempre por aqui, contando minhas histórias e fazendo os outros rirem”, brinca.

Ivanilde Mendes sendo atendida por enfermeira do Ceir. (Foto: Ascom Ceir)

Walyson, Ana, Maria e Ivanilde têm em comum histórias de superação que marcam os oito anos de atendimentos do Ceir. “Reabilitando vidas e realizando sonhos, é assim que a história do Ceir se mistura à história de cada paciente”, finaliza Benjamim Pessoa Vale, presidente voluntário da Associação Reabilitar, organização social que administra o Ceir em parceria público-privada com o Governo do Estado.


Texto: Cláudia Alves – Comunicação Reabilitar